
Ministra do Ensino Superior: correcção do tiro ou mais uma consulta para anular o ano lectivo 2020?
Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)
O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação tem estado a fazer mais uma consulta às instituições de Ensino Superior em Angola para tentar sacudir uma imagem negativa que a ministra Maria do Rosário Bragança Sambo carrega, pelo facto de não ter sabido encontrar soluções inovadoras para salvar o ano lectivo/académico 2020, face à pandemia Covid-19.
Fiz uma reflexão recentemente a mostrar que a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Bragança Sambo, não tem mostrado uma capacidade inovadora que pudesse contrapor o coronavírus, prejudicando grandemente as instituições de Ensino Superior que se prepararam para um método de ensino à distância e semipresencial.
Não sei se a consciência da ministra já está a pesar, mas é certo que terá despertado agora com uma consulta às intuições de Ensino Superior para se escolher um dos modelos abaixo:
“Modelo A
Manter o modelo de ano académico cujas aulas iniciam em Março e terminam em Dezembro. Entre 2020 e 2022 teremos três anos académicos condensados e, em 2023, retomaremos a habitual estrutura, ou seja, iniciar as aulas em Março.
Ano académico 2020
Início: 05 de Outubro de 2020
Término: 29 de maio de 2021
Ano académico de 2021
Início: 05 de Julho 2021
Término: 26 de Fevereiro de 2022
Ano Académico de 2022
Início: 04 de Abril 2022
Término: 23 de Dezembro de 2022
Ano académico de 2023
Início: 06 de Março 2023
Término: 23 de Dezembro de 2023
Modelo B
Voltar ao modelo de ano académico com as aulas a iniciarem em Setembro e terminarem em Junho. Com o reinício das aulas em Outubro, as mesmas terminarão em Julho de 2021, permitindo o início, em Setembro, das aulas do ano académico seguinte (2021/2022).
Ano académico 2020/2021
Início: 05 de Outubro de 2020
Término: 24 de Julho de 2021
Ano académico 2021/2022
Início: 06 de Setembro de 2021
Término: 02 de Julho de 2022
Em sua opinião, devemos adoptar o modelo A ou o modelo B? Assinale a sua opção.”
Se as instituições de Ensino Superior não estavam preparadas, de acordo com discursos oficiais do Ministério, agora, em Outubro (Modelo A e Modelo B), no próximo mês, já estarão? Num ápice, já há solução?
Vê-se, claramente, que a ministra quer salvar um erro grave que cometeu ao adiar ou até anular o ano lectivo de 2020.
Como mais vale tarde do nunca, considero que, dos modelos propostos, o A mostra mais vantagens que o B.
O Modelo B seria um retorno ao padrão colonial (Europeu), sustentado em estações, temporada de balneários, chuvas, plantio e colheitas, que não se ajusta às estações de países que se encontram no hemisfério Sul, abaixo da linha do Equador, como é o caso de Angola.
Não é à toa que Angola alterou o calendário lectivo do tempo colonial, que tinha uma visão a partir do colonizador português.
O Modelo A, apesar de também mostrar um espaçamento questionável entre os anos de reajustes, estendendo-se até 2023 sem necessidade aparente, uma vez que as férias largas só beneficiam quem já está a estudar e não os que pretendem entrar na universidade/instituto, que é a principal variável de análise do Executivo, com vista a permitir a entrada de um número cada vez superior de jovens no Ensino Superior – salvo se se está a contar com um agravamento da pandemia Covid-19 até 2023, o que podia ser melhorado -, é o que mantém a lógica das estações em Angola.
O Modelo A, podendo ser melhorado, representa, de acordo com a minha observação, um mal menor para o país.
É altura de termos de aprender a conviver com a Covid-19. Não há outra saída. Nada garante que a Covid-19 não vá continuar no próximo ano. A vida tem de seguir. Temos instituições de Ensino Superior no país que se prepararam para contrapor a Covid-19. Essas devem avançar para minimizar o impacto negativo da pandemia.
Oxalá esta consulta do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação não seja mais um jogo de charme para depois validar uma intenção estranha, contra os discursos do titular do Poder Executivo João Lourenço, de se anular o ano lectivo/académico 2020.
Carlos Alberto (on facebook)
03.09.2020