
Falta de apoio às famílias vem da desconfiança promovida por João Lourenço
Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)
Tchizé Dos Santos, comunicóloga e presidente do Tea Club, diz categoricamente que não doa produtos alimentares às famílias angolanas carenciadas que não têm o que comer se não saírem à rua, usando as administrações locais – como refere o artigo 44.° das Medidas de Excepção e Temporárias Tendentes à Prevenção e ao Controlo da Propagação da Pandemia Covid-19, expressas no Decreto Presidencial n. °97/20, de 9 de Abril, da Prorrogação do Estado de Emergência – por não ter confiança no governador provincial de Luanda Sérgio Luther Rescova.
A empresária sustenta a sua posição baseando-se naquilo a que chamou de “falta de transparência no destino dos bens doados” e por ter a certeza de que o actual governador provincial de Luanda, que gere as administrações locais em Luanda, ser um gestor pouco transparente, não avançando, entretanto, antecedentes que pudessem dar corpo à sua afirmação.
A filha do ex-presidente da República José Eduardo dos Santos considera que a maneira como foi (está a ser) feito o combate à corrupção por parte do Presidente da República João Lourenço, promovendo uma justiça selectiva, provocou uma retracção aos empresários no que aos apoios ao Executivo dizem respeito, que agora sentem medo de represálias se eventualmente promoverem campanhas de ajuda alimentar às famílias angolanas carenciadas.
É de opinião que só tem havido, maioritariamente, apoio do MPLA nas doações que se vê na TPA porque o MPLA de João Lourenço se isolou politicamente. Não foi um partido congregador que soubesse governar na diferença de opiniões dentro do próprio MPLA e que nunca foi um MPLA à busca da melhor via para se combater a corrupção, criando, com isso, um clima de terror aos empresários que nesta altura da Covid-19 podiam ser uma mais-valia para o Executivo e para os angolanos no geral.
A então deputada à Assembleia Nacional, expulsa do Parlamento de forma injusta e por perseguição política, a mando de João Lourenço, como ela mesmo faz questão de detalhar reiteradamente nas redes sociais, garante que o país estaria mais unido agora no combate à Covid-19 se o actual Presidente da República João Lourenço tivesse tido uma estratégia de combate à corrupção sem precisar criar pânico e medo aos empresários que deram emprego e alguma estabilidade a algumas famílias.
Diz mesmo que a sua irmã Isabel dos Santos podia, também, nesta altura, ser um braço forte do Executivo no apoio às famílias angolanas carenciadas, mesmo que fosse para pagar favores do passado pela forma como evoluiu no mundo empresarial.
“Como a minha irmã Isabel dos Santos vai ajudar as famílias carenciadas se os seus bens foram arrestados em Angola sem lhe dar sequer hipótese de se defender? Que país é este?”, pergunta a Tchizé.
Sublinha que a forma como a sua irmã foi tratada definiu o actual momento de falta de apoio de empresários ao Executivo no combate à Covid-19, por falta de uma estratégia de unidade nacional por parte de João Lourenço, pois acredita não haver nenhum empresário de sucesso em Angola que não tenha medo de represálias e de ser alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) se fizer alguma doação, sustentando que todos eles (empresários) se beneficiaram da bondade do seu pai José Eduardo dos Santos, que deu oportunidades a todos do MPLA, incluindo o actual Presidente da República João Lourenço.
Tchizé Dos Santos, comunicóloga e empresária, foi a minha segunda convidada no LIVE (no Instagram). Falámos, na terça, 14, sobre “O Poder da Unidade Nacional na fase da Covid-19”.
Carlos Alberto
15.04.2020