
AS ENCOMENDAS CONTRA JOÃO LOURENÇO
Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)
A notícia do portal “o decreto” com o título “MPLA: Veteranos denunciam criação de gabinete para denegrir opositores” é qualquer coisa menos “notícia”, como tal. E o público deve estar atento a este tipo de manipulações.
O primeiro aspecto é que se a tal notícia diz que “veteranos do MPLA” denunciam uma alegada criação de um gabinete, por orientação do Presidente da República e presidente do MPLA João Lourenço, para denegrir opositores – fazendo menção de uma alegada perseguição contra o presidente da UNITA Adalberto Costa Junior e uma filha de Savimbi -, tinha de haver, na notícia, dados concretos do referido gabinete, uma vez que quem denunciou até são “veteranos do MPLA”, o que pressupõe um domínio profundo de actos do MPLA, e tinha de haver exemplos concretos de práticas contra opositores do MPLA, para além de exemplos ligados à figura do presidente da UNITA Adalberto Costa Júnior.
Por outro lado, não faz muito sentido que uma “notícia” desta natureza, a julgar pelo critério da imparcialidade, isenção, rigor e objectividade, não faça nenhuma menção do uso do contraditório, o que significa que, tal como alguns órgãos públicos de comunicação social fazem contra figuras da oposição, está a violar a Constituição e a lei, quando coloca em causa o bom nome, honra e reputação do cidadão João Lourenço, sem que pudesse defender-se.
São estas práticas que nós condenamos no exercício da Comunicação Social em Angola.
Um jornalismo sério, nobre, não visa derrubar, a qualquer custo, pessoas particulares.
Um jornalismo sério é de causas plurais para elevar valores de uma sociedade. Não é contra pessoas nem segue interesses de “opositores”.
Nós não podemos fazer um jornalismo de “grupos políticos”. Temos de fazer um jornalismo com o máximo de imparcialidade e isenção possível. Já dissemos noutras reflexões que uma notícia não é uma mera denúncia. A denúncia pode ser unilateral. A notícia não. Para ser notícia, é preciso que haja investigação jornalística sobre uma alegada denúncia que se pretende trazer ao público e é preciso que o outro lado da moeda esteja na mesma peça para que o público-consumidor possa tirar as devidas ilações.
Não cabe ao jornalista, que estiver a elaborar uma eventual notícia, “fechar o caixão” contra alguém.
Da mesma forma que temos estado a chamar atenção sobre violações à lei no exercício da imprensa pública, quando não usa o contraditório nem faz menção de uma eventual tentativa de busca do outro lado da história, estamos a ver “notícias” (com as devias aspas), na imprensa privada, que cometem exactamente o mesmo erro, com uma direcção contrária: contra a figura do Presidente da República e presidente do MPLA João Lourenço. Nós não aplaudimos estas práticas. Pelo contrário, condenamos este “mercenarismo jornalístico”.
Não é assim que vamos construir um país próspero. Um jornalista não pode ser um mercenário. Não pode ser alguém que veicula inverdades para prejudicar alguém, de forma direccionada.
Quando o público vir este tipo de “notícia”, que descrevemos aqui, deve perceber que não se trata de jornalismo. E não deve partilhar uma “notícia” que não mostre isenção, imparcialidade, rigor e objectividade na sua elaboração.
O jornalismo tem regras próprias. E o público pode ajudar a combater mercenários, ligados à Comunicação Social, não partilhando, nas redes sociais, “notícias encomendadas”.
Carlos Alberto (on facebook)
07.03.2020