
RNA DESMENTE CARLOS ALBERTO
Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)
Jornalistas da RNA escreveram para nós ontem a desmentir a nossa análise segundo a qual a Rádio Nacional de Angola (RNA) não teria passado, com mais de 24 depois, peças jornalísticas sobre a recente entrevista feita pela RTP à Isabel dos Santos.
Vários jornalistas e editores da RNA fizeram-nos chegar a sua versão segundo a qual confirmam não ter passado no jornal principal das 13 do dia imediatamente a seguir mas fizeram-no durante a manhã e no jornal das 20h do dia 16, com reacções do MPLA na pessoa de Mário Pinto de Andrade, uma versão que nós confirmámos pelas gravações em nossa posse.
De facto, damos aqui a mão à palmatória pelo facto de termos veiculado uma inverdade em relação aos serviços prestados pela RNA, para este caso. Entretanto, gostávamos de chamar atenção que a audiência que o jornal das 20h tem não é a mesma que a do jornal das 13h. Se não foi possível passar às 13h, no jornal principal imediatamente a seguir, como mandam os manuais de jornalismo, por algum motivo pontual – um jornal que nós acompanhamos com regularidade -, devia ser a referida edição a fazer menção que por motivos A ou B a matéria em causa seria desenvolvida no jornal das 20h para que os ouvintes pudessem perceber que não houve censura da RNA e que poderiam acompanhá-la no outro jornal principal imediatamente a seguir. Soa-nos algo estranho em relação a isso.
De qualquer forma, fica aqui o registo de que a RNA fez peças jornalísticas sobre o conteúdo da entrevista da RTP em que Isabel dos Santos faz acusações de uma alegada perseguição agendada e paga pelo Presidente da República João Lourenço e pelo ex-vice-presidente da República Manuel Vicente.
A RNA merece, portanto, os nossos aplausos, uma vez que, no passado, tudo que fosse contra a figura do Presidente da República José Eduardo dos Santos não passava na RNA. E o engraçado é que os profissionais são os mesmos, tirando um ou outro!
Importa sublinhar que foi Mário Pinto de Andrade quem reagiu aos pronunciamentos de Isabel dos Santos mas, no nosso entender, como mandam os manuais de jornalismo, seriam os visados (João Lourenço e Manuel Vicente) que deviam dar o contraditório, uma vez que eles têm o direito ao seu bom nome, honra e reputação, até pova em contrário.
A RNA deve mesmo ir atrás da versão dos visados para concluir a sua louvável iniciativa de fazer um jornalismo isento e imparcial.
Em relação à TPA, não recebemos nenhuma reacção, aliás temos gravações que sustentam a nossa tese segundo a qual, quando se trata de matérias que beliscam a imagem do Titular do Poder Executivo, a TPA finge que nada está a acontecer, um comportamento igual ao passado de José Eduardo dos Santos.
Isto mostra que, comparando os dois órgãos públicos que fazem jornais falados (TPA e RNA), a RNA está a ser gerida por pessoas mais comprometidas com a profissão e com o interesse público e o ministro da Comunicação Social Nuno Caldas deve, no nosso entender, tomar nota para as suas decisões futuras, com o sentido de deixar também um legado melhor que o de João Melo.
Carlos Alberto
18.01.2020