De acordo com as minhas fontes, a entrevista exclusiva que dei à Televisão Pública de Angola (TPA), na passada segunda-feira, 12, por volta das 14h, onde exponho os argumentos de razão que apontam existir perseguição criminosa do partido MPLA dentro e fora da ERCA contra a minha pessoa – e onde também falo da ilegalidade cometida na ERCA pela então Conselheira Domingas Damião, irmã da vice-presidente do MPLA Luísa Damião, que andou a ganhar, de forma ilegal, dois salários do Estado (ERCA e Pólo Industrial de Viana, afecto ao Ministério da Indústria)-, não foi exibida por “ordens superiores” de responsáveis do Bureau Político do MPLA. Segundo as minhas fontes, a entrevista foi enviada à sede do MPLA – que se situa coincidentemente ao pé da sede da TPA, em Luanda, na Avenida Ho Chi Minh, desconhecendo-se o desfecho do assunto.
Se isto constituir verdade – e tudo indica que sim -, a sociedade angolana terá aqui uma prova de que todo o discurso do Presidente do MPLA e da República João Lourenço, segundo o qual vivemos hoje numa “nova Angola”, no que toca a liberdades fundamentais, não passa de uma conversa para boi dormir. Continuo à espera de uma explicação oficial da TPA, sobre as razões de não terem exibido a referida entrevista que eu dei dentro das instalações da TPA, com orientação da própria TPA. Não quero acreditar que o nível de censura do actual MPLA de João Lourenço tenha chegado até este nível. Censurar um Conselheiro da Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA), com legitimidade soberana, comprovada na Assembleia Nacional, é das piores ditaduras que podemos ver nos últimos anos em Angola. É ilegal fazer uso político-partidário de uma entrevista exclusiva que eu dei a um órgão público. Alguém tem de justificar o que está a acontecer. A TPA deve uma explicação aos angolanos, de Cabinda ao Cunene. Eu já denunciei. Exijo explicações. Não vou parar de ir atrás deste assunto.
Carlos Alberto
14.08.2019